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Paraguaio saiu do encontro com o presidente comemorando a criação do que chamou de “ampla mesa de negociação” do tratado de 1973, sua principal proposta de campanha.

Brasília - Favorito nas eleições presidenciais paraguaias, o ex-bispo Fernando Lugo deixou ontem Brasília comemorando a criação do que chamou de “ampla mesa de negociação” do Tratado de Itaipu, de 1973. A revisão do acordo é a principal proposta do candidato e, até o encontro com o presidente Lula, nunca contou com qualquer sinalização de apoio do governo brasileiro. Assessores do Palácio do Planalto e o diretor brasileiro da usina, Jorge Samek, minimizaram a discussão e previram dificuldades para qualquer mudança.

Lula e Lugo não se conheciam. “É a primeira vez que me encontro com o presidente Lula. Nos desejou o melhor para o país. Percebi que há uma sensação de proximidade com o povo paraguaio”, disse o ex-bispo, que deve usar o resultado da reunião como uma das principais armas para a reta final das eleições do próximo dia 20.

Também participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Antes, o candidato foi recebido por representantes do PT. O partido declarou apoio oficial a Lugo. O mesmo não ocorreu com Lula, que também recebeu nos últimos meses os dois principais rivais do católico – Lino Oviedo e a governista Blanca Ovelar.

O candidato esteve acompanhado de uma comitiva com mais quatro paraguaios, entre eles o presidente do Congresso, senador Miguel Abdón Saguier Carmona. “O importante é que Lula puxou o assunto Itaipu”, contou o parlamentar. Na versão de assessores do Palácio, o tema teria sido trazido por Lugo.

Nas palavras do ex-bispo, a negociação seria feita por uma equipe de técnicos e engenheiros, e ocorreria distante de questões políticas. “Estamos dispostos a fazer uma mesa ampla de diálogo, respeitoso e racional, ainda que tenhamos pontos de vista diferentes, e buscar o consenso. Creio que América Latina vive hoje um momento de busca de consensos de busca de soluções de conflitos.”

O paraguaio também transformou em palavras do presidente brasileiro um dos seus slogans de campanha. “O próprio Lula disse que o Brasil não pode se desenvolver a custo da pobreza dos outros.” Ele também salientou o interesse de mudar o perfil econômico paraguaio. “Estamos trabalhando com a possibilidade real de transformar nosso status de país agroexportador para agroindustrial.”

Apesar das versões desencontradas sobre a revisão do tratado, ao menos Lugo recebeu a notícia concreta de que o Brasil financiará um projeto de linha de transmissão de energia de Itaipu até a capital paraguaia, Assunção. O estudo está orçado em US$ 2 milhões e ficará pronto até maio.

O governo brasileiro também estuda uma maneira de financiar a obra, que deve custar US$ 200 milhões. Os recursos viriam do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Para Lugo, o projeto não foi apenas um “prêmio de consolação” do governo brasileiro pela relutância em mudar o Tratado de Itaipu. A ajuda, segundo ele, faz parte de um “espírito solidário e justo” de Lula.

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